13.12.08

de quando era outro blog

entre julho e agosto


um cravo desesperado
pende com força do chapéu
que em seca fúria de palha
pende sobre os cabelos
que pendem em feixes por detrás do aconchego das orelhas
que por sua vez vão dependuradas
entre queixo e nuca
[um tresmalhado de desvelo
uma guarnecida de miúdas pontiagudezas]
que seguram o oco de um tubo
onde se enfia um punhado de terra seca

DA TERRA SECA

da terra seca
na goela lama
água esmiucenta pelas narinas
até coalhar o céu da boca
nebulosas até arvorecer pelos olhos

MISTURAR O SER DOS OLHOS

misturar o ser dos olhos
até algum ponto de árvore em que passarinho pouse

PARA TER OLHOS

para ter olhos
[pétalas da morte da noite que dá luz]
e cílios em flor

TÃO VIOLENTAMENTE TERNOS

tão violentamente ternos
com seus espinhos:
DESESPERADAMENTE CRAVO



...




à valsa leve das entranhas,
um meio drama aguado






feche os olhos
[como se já não estivessem]

eu vou acender a luz
[como se fechados os olhos impedissem ]

porque eu quero que você morra, como uma flor
[como se não estivesse trancada por dentro, a porta ]

você flor eu quero por morrer
[como se não fosse da porta trancar-se por dentro]

aceite a dança, aceite, eu conduzo com doçura esse assassinato, sim?
[como se a natureza do assassínio por si não fosse a de um dente dançarino]

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