estes dois poemas são de dois mil e seis. São sobreviventes do livro-fantasma que, para o meu atual desgosto, intentei publicar [e não o fiz, com a graça de deus]. Era uma pernóstica coletânea de poemas [ruins]. Isto é tão somente porque não tenho muita coisa publicável em mãos [ainda] e então compartilho com meus alegres convivas
Alexandrino em Resposta
Vós, ó! escutai bem o árduo versar insensato
Que, é, sim, fato: inda que mal juntada e esma
Apesar do ornato a carreira é sempre a mesma
Inda que não vinda a farinha dum mesmo saco!
Vós, ó! De tão finas orelhas e puro olfato,
Ao cérebro cordato de gosma e lesma
Não faz jus o destrato de tão ímpia seresma.
Meu verso a vós, ó! é cachorro sem mato!
Se sois o sumo do sumo, sou eu o cacto
Eu sou livre, e o sumo é azedo, caros antistes,
E poética é rir de mim e do vosso chiobato!
Ora, ora, meu soneto não só é de blague nem de chistes,
Eu nasço! Já vós, ó! Correi, condenados beatos,
Ao seio das gramáticas surdas que vos paristes!
...
Inverno - três grãos
tenho a impressão franca
de que minha fronte arde
é febre
de vida
é forte
branca fonte de dissabores e impressões errôneas
a minha fronte
a minha morte
duvida
a minha face imprime promessas
descreve rodeios, afronta medos, descarada
e cora, qual perséfone faria não fosse
mesmo que não sinta, que não se saiba à frente de mim
a minha fronte arde
é cedo
é cedo:
sua ao sorem sofismas
capas persefônicas camaleolíticas
ígnea mariposa
coral
enrosca-se ao galho
e cora:
mordeu a romã subterrânea
...
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