algures
12.9.10
29.5.10
para onde?
SE nem só pele o mapa
por quantas eras quantas léguas
se estende o flanco sem asa desta noite?
o lastro da prece
pronunciado: estrela é ilha
Entre que águas
este naufrágio?
* * *
CARAVELA MORTA
ABÓIA,
ABÓIA:
CAVALO N'ÁGUA TEM TODO TOM
-quem é que encontra ele entre o coral?
* * *
E neste aboio a boca treme
exibe os ossos
- o chão deságua
rilham dentes, a boca treme
deslastram-se os ossos
em gotas negras, largas
-arlequinada-
este aboio
o chão deságua em si - em riso
( deslastrar-se dos dentes )
faz-se areia, a água passa
lava a fome,
fio dos dentes
* * *
por quantas eras quantas léguas
se estende o flanco sem asa desta noite?
o lastro da prece
pronunciado: estrela é ilha
Entre que águas
este naufrágio?
* * *
CARAVELA MORTA
ABÓIA,
ABÓIA:
CAVALO N'ÁGUA TEM TODO TOM
-quem é que encontra ele entre o coral?
* * *
E neste aboio a boca treme
exibe os ossos
- o chão deságua
rilham dentes, a boca treme
deslastram-se os ossos
em gotas negras, largas
-arlequinada-
este aboio
o chão deságua em si - em riso
( deslastrar-se dos dentes )
faz-se areia, a água passa
lava a fome,
fio dos dentes
* * *
16.3.10
para os vivazes, levíssimos convivas nossos dois pontos e um final
outra vez estender sobre a campa o lençol branco, a campa verde verde e cinza em volta, e cinza de roda, um riso de ontem, o brio de agora. cinza e verde e a campa brancamente aceita sobre si o orvalho e o tecido. a campa aceita o cinza, o verde. o branco, circunspecto?, o vento obliterou. o branco linho, meio-dia ido a sombra cresce sobre todo o verde e alça o cinza desde o mais íntimo assunto entre pedras e mesmo caracóis vazios (antes que eu enxaguásse enxaguásse os lençóis e escolhesse aquele um de uma única traça carcomido para quarar, sete dias, uma noite, quarar sob o meio dia, com afinco, com saúde, até ternura - quem diria? - quarar quieta quieta o meu lençol e meu silêncio e dispô-lo, branco e limpo e linho, dispô-lo sobre a campa, mansamente, mãos sorrindo. antes, quando em vez dum branco e isto, eram uns, certas cores confusas: turqueza-absurdo e um tom de cor vestida; hibisco de rubro puído - entre estes o branco assumia outros matizes e tudo tudo se coalhava de vaziozinhos: caracol rachado, miudim, folhinha seca, pena, alecrim e arrepiu. anu-branco, peixe-cachorro, corujinha que feinha que é você. e a folha do limão. então eu aprendi no dicionário: aziago, ázigo, ázimo: e fiz oração miúda, verso ralo desse ôco que eu cavei
21.2.10
será refúgio?
e falar, falar da língua, bicho vivo que a boca habita e da mesma maneira: o resíduo, a coisa escrita transformada e repetida de hábito e invenção. E da mesma maneira: a fronte curvada sobre a folha e o seu ser-em-branco: vivamente habitado de tanta morte - PAPEL ACEITA TUDO e é do resíduo habitar os cantos, e do ar tanto erguer quanto dissolver a voz. o quê de mais próprio aos cantos que a poeira, que a gente sem nem saber vai arando o semear sozinho pra colheita comum, a chuva prece de tudo.
o que vou arando no comum de cada tarde será vespas será entulhos? a chuva prece de tudo
o que vou arando no comum de cada tarde será vespas será entulhos? a chuva prece de tudo
15.12.09
10.11.09
para a camila e para quantos mais vivazes convivas ora pois
senhor se fosse eu peixe-lua
eu era feixe de fibra por fiar
se fosse, senhor, em vez deste aboio eu prateava de corpo todo senhor eu boiava eu era luzeiro
- nem fosse por todo sal senhor -
ia alinhavando sem arremate
sem arremate alto e mar : eu era o fundo do espelho [se o ar é vidro da lua a se mirar]
peixe-lua era eu a face dágua
fossem as plantas do senhor a me pisar
um brinquedo alegres convivas brinquemos
.
o ipê despido
dos brancos - sorrindo ri
em
recos de cigarras
cada eco
o
sol racha:
de anu preto e ôcas cascas
o ipê vestido
.
o ipê despido
dos brancos - sorrindo ri
em
recos de cigarras
cada eco
o
sol racha:
de anu preto e ôcas cascas
o ipê vestido
.
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